Quando ouviram simultaneamente os primeiros sons emitidos pelo violino, fagote, flauta transversal e violoncelo, os irmãos Widson e Walace Bispo deixaram o baba de lado por alguns minutos e subiram para o primeiro andar da Associação de Moradores do Marotinho, no bairro de Bom Juá, em Salvador. A música era da apresentação, na tarde desta terça-feira (8), do Quarteto Novo, por meio do projeto Cameratas, da Orquestra Sinfônica da Bahia (Osba), desenvolvido na localidade por meio de parceria com as Voluntárias Sociais da Bahia.
Walace, 12 anos, não escondeu a admiração pela flauta, que se destacou durante a apresentação de ‘A Primavera’, um dos maiores sucessos de Antônio Vivaldi. Para se referir à música, ele inclusive assoviou um trecho da melodia. Já Wildson, 11, se encantou pelos movimentos e som do violino. “Gostei muito do instrumento”, disse o mais novo.
Os irmãos não foram os únicos a se encantar. Messias Santana, coordenador do Grupo de Cultura Popular do Marotinho, fez questão de filmar no celular a maior parte da apresentação. ‘Que nem Jiló’, de Pixinguinha, ‘Yesterday’, de Paul McCartney e John Lennon, além de ‘Carinhoso’, de Pixinguinha, também foram lembradas pelos músicos. “É bom. As crianças todas na rua. É uma coisa boa. [É] Mais desenvolvimento para as crianças”, afirmou Messias.
Há quatro anos, o flautista André Becker participa do projeto. Para ele, “é muito bom dar acesso a este tipo de música para este público, que normalmente não têm condições de assistir a gente nos teatros ou nas igrejas. Então, viemos até eles para poder oportunizar esta experiência”.
Parceria
Durante a apresentação do Quarteto Novo na comunidade do Marotinho, a assistente social das VSBA, Ana Cláudia Bonifácio, explicou que o projeto existe desde 2007. Ela disse ainda que a parceria entre as Voluntárias e a Osba é uma forma de proporcionar às crianças, adolescentes e idosos ouvirem músicas eruditas e clássicos da MPB.
“Já levamos o projeto para 80 comunidades. Cultura tem que ser absorvida por todos. Todos gostaríamos de ter esta oportunidade. A população precisa de conhecimento. Por isso fazemos questão de vir até aqui ou levar a comunidade até o teatro”, explicou a assistente social.