Moradia de governadores baianos, o Palácio da Aclamação, localizado no Campo Grande, em Salvador, volta a funcionar como cerimonial de eventos geridos pelas Voluntárias Sociais da Bahia (VSBA), com o objetivo de arrecadar recursos para a qualificação física e estrutural das creches comunitárias as quais assiste, por meio do Programa Mais Infância. O prédio foi cedido pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac), responsável por sua administração. O lançamento da nova atividade foi realizado nesta segunda-feira (6), pela primeira-dama do Estado e presidente das VSBA, Aline Peixoto.
Para Aline, o projeto será um sucesso com parcerias importantes. “Sozinho ninguém vai transformar nada. Se eu conseguir fazer a primeira creche pública da rede Mais Infância, para cem crianças em Cajazeiras, eu não vou conseguir acolher todas as crianças do bairro, mas já serão cem crianças atendidas e esse número vai se multiplicar. A nossa creche, na frente, terá uma padaria, com aula de panificação, salão de beleza, com escola, e quero também colocar corte e costura. E eu tenho certeza de que este projeto vai dar certo porque, há um mês, quando a gente abraçou o Palácio da Aclamação, não tinha ideia de que a agenda estaria tão solicitada”.
De acordo com o diretor de Formação das Voluntárias Sociais, Manoel Calazans, a ideia da primeira-dama é justamente permitir a sustentabilidade do Programa Mais Infância, com os valores da utilização do cerimonial do Palácio da Aclamação revertidos para a iniciativa. “Então nós vamos poder reestruturar as creches comunitárias, alcançar novos espaços e construir a rede de creches comunitárias do Mais Infância. A primeira creche da rede será em Cajazeiras, um bairro bastante populoso e que tem demanda para crianças de zero a cinco anos”.
Cerimonialista e arquiteto, Milton Martinelli afirma que “todo mundo precisa de uma história para contar, e este lugar é repleto de história. Este espaço chega em uma boa hora porque os espaços para eventos na capital diminuíram consideravelmente. Isso sem dizer o quanto é importante receber um convite para uma festa sendo em um palácio. É uma iniciativa muito boa, estão de parabéns”, elogiou.
O diretor do Ipac, João Carlos Cruz de Oliveira, informou que o Palácio da Aclamação necessita de uma intervenção da ordem de R$ 10 milhões. “Já está em curso, com este trabalho das Voluntárias, a primeira fase de captação da ordem de R$ 2,6 milhões, o que vai permitir o início imediato das obras. Além de qualificar o prédio para ser o melhor cerimonial da Bahia, vai também recuperar um prédio histórico preservado, dinâmico, utilizado pela sociedade”.
Mais Infância
Criado pela presidente das Voluntárias Sociais, Aline Peixoto, o Programa Mais Infância consiste em um conjunto de ações voltadas para as creches comunitárias envolvendo, prioritariamente, a formação pedagógica dos professores e dos responsáveis pelas entidades. Tratam-se de instituições filantrópicas administradas pelas próprias comunidades que atendem a alunos da educação infantil (crianças de 0 a 5 anos).
Atualmente, as Voluntárias apoiam cerca de 200 creches comunitárias que serão beneficiadas diretamente pelos recursos captados através do serviço de cerimonial prestado pelo Palácio da Aclamação. A proposta é que a arrecadação da casa seja utilizada para a melhoria das condições físicas e estruturais dessas creches.
Além de garantir uma fonte de receita para ajudar as creches apoiadas pelo Programa Mais Infância, a dinamização do espaço também busca chamar atenção para sua importância artística, cultural e histórica, com vistas a captar investimentos que possam ser revertidos na manutenção e preservação.
Os interessados em informações sobre o serviço devem ligar para o telefone (71) 3329- 5055.
Sobre o palácio
Localizado em uma região estratégica da cidade, o Palácio da Aclamação conta com espaços para realização de eventos diversos, como palestras, workshops, lançamentos de filmes e livros, coquetéis, coffee-breaks e outros. A instituição passou a ter esse formato depois de reforma finalizada, em 1990, quando por decreto governamental passou a ter o nome oficial de Casa de Cerimonial e Museu Palácio da Aclamação.
O prédio pertencia originalmente a Miguel Francisco Rodrigues de Moraes, comerciante bem-sucedido, por isso ficou conhecido no início do século XX como o Palacete dos Moraes. A partir de 1912, passou a ser a residência oficial dos governadores da Bahia pelos 55 anos seguintes. A estrutura foi construída em estilo neoclássico e decorado com belos painéis emoldurados, guirlandas, laços e medalhões, pintados por Presciliano Silva.
Seu acervo é composto de mobiliários nos estilos D. José e Luís XV, porcelanas, cristais, bronzes, tapetes persas e franceses e telas de pintores famosos. Depois que deixou de ser residência oficial dos governadores, em 1967, passou ainda a ser ocupado pelos mais diversos eventos, desde apresentações artístico-culturais, lançamentos, até velórios de personalidades baianas.