O Projeto Mais Infância, promovido pelas Voluntárias Sociais da Bahia (VSBA) reuniu mais de 200 gestores de creches comunitárias atendidas pela iniciativa, para debater sobre o Transtorno do Espectro Autista, durante encontro nesta terça-feira (16), em Salvador. Com o objetivo de sensibilizar e conscientizar os educadores sobre a forma de conduzir o processo de ensino das crianças autistas, o evento contou com palestra e relato de experiências.
A coordenadora do Mais Infância, Eva Alencar, explicou que a proposta de discussão do tema surgiu a partir dos relatos de gestores das creches sobre algumas crianças que apresentavam sinais de autismo. “A intenção é, de fato, capacitar estes profissionais que trabalham com as crianças. Nas nossas visitas às instituições, muitos professores nos relataram casos que indicam se tratar de crianças com autismo. Esperamos, com esse encontro, instrumentalizar os profissionais para oferecer a essas crianças o tratamento adequado”.
A psicopedagoga Mariene Maciel, mãe de dois jovens autistas, foi convidada para ministrar a palestra. Ela destacou os sinais que podem ajudar a identificar uma criança com autismo. “Hoje já existe muito material que ajuda a identificar uma criança autista. Mas, mais importante que identificar, é abrir as portas das escolas e incluir essas crianças. Os autistas têm dificuldade de comunicação, movimentos estereotipados, ouvem barulhos que não são captados por outras pessoas, são apenas alguns sinais. Vamos lembrar que gente vive com gente e separar as pessoas que têm algum tipo de necessidade específica não é um caminho para tratar essa questão”, afirmou.
Também participaram do encontro o lutador baiano de jiu-jítsu Igor Nogueira, diagnosticado com autismo, e sua mãe, Marleide Nogueira. Na ocasião, ela falou sobre a descoberta do autismo e o processo de educação e inclusão do filho. “Quando Igor era criança, eu não tive a oportunidade de encontrar um espaço como esse para entender a questão do espectro autista. Hoje eu me sinto honrada por estar aqui para transmitir o meu aprendizado ao longo dos 24 anos do meu filho. Quando ele era criança eu tinha a impressão de que eu era a única mãe com filho autista, e achava que os autistas não cresciam porque eu não conhecia um autista adulto. Conscientizar é o caminho”, pontuou.
Gestor da creche Associação Espírito da Luz, localizada no Nordeste de Amaralina, Dilcinei Aris tem 65 alunos na instituição e um deles com diagnóstico do espectro autista. “Esse encontro ajuda a gente que está na creche a entender as necessidades da criança. É um assunto relativamente novo e ainda temos muitas dúvidas”, ressaltou.
Mais Infância
O projeto promovido pelas Voluntárias Sociais da Bahia (VSBA) –instituição presidida pela primeira-dama do Estado, Aline Peixoto – foi criado em 2017 e fomenta ações para melhorar a integração e socialização de crianças com idades entre 0 e 6 anos que estejam em situação de vulnerabilidade social. Atualmente, o Mais Infância atende 254 creches comunitárias de Salvador e região metropolitana vinculadas à iniciativa