Brechó na Feira de São Joaquim tem apoio das Voluntárias Sociais

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14/06/2015

Um jeito diferente de produzir, vender, comprar e trocar o que é preciso para viver. Esse é um dos conceitos de Economia Solidária que é utilizado pelos usuários dos Serviços de Saúde Mental da Associação Papo de Mulher, para se sentirem incluídos na sociedade. Por meio de um Brechó Solidário, realizado nesta sexta-feira (12), na parte nova da Feira de São Joaquim, em Salvador, o grupo, formado por oito integrantes, pôde obter renda com a venda de roupas, calçados e acessórios doados pela população.

Essa foi a segunda edição do brechó na Feira de São Joaquim. A ação, que conta com o apoio das Voluntárias Sociais da Bahia (VSBA) e da Secretaria Estadual de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte (Setre), por meio do Centro Público de Economia Solidária (Cesol), acontece mensalmente no local. “São pessoas que já passaram por muitas situações de preconceito e que agora estão tendo a chance de mostrar que são úteis para a sociedade. Elas estão podendo trabalhar e se sustentar com isso. Tudo isso interfere na evolução pessoal de cada uma”, afirma Elisângela Alcântara, assistente social das VSBA.

Para Girlene de Jesus Almeida, coordenadora do Brechó, o evento é uma oportunidade dos portadores de transtornos mentais mostrarem à sociedade o seu valor. “Nós construímos uma grande família de loucos. Loucos, principalmente, pela vida. Essa é uma atividade que resgata a nossa autoestima, que nos ajuda a mostrar que somos capazes de viver em sociedade. Com o valor que arrecadamos dá para ter uma vida simples, mas com dignidade. Além disso, para nós o mais importante é se sentir incluída”, ressaltou.

Único homem a participar do Papo de Mulher, Raimundo Santos, de 46 anos, é o representante do público LGBT no grupo. Ele já foi morador de rua e hoje dá a volta por cima com a ajuda do projeto. “Me sinto acolhido por todos aqui. Todos nós somos iguais e temos consciência disso. Estar aqui para mim significa muito. Hoje tenho amigos e, através do Brechó, passo a ter mais contato com as pessoas. Isso é enriquecedor”, afirmou Raimundo.

O dia foi movimentado no local. Uma das pessoas que visitaram o stand foi a verdureira Jeane Santos. A comerciante, de 39 anos, aproveitou o preço e a qualidade das mercadorias para comprar dois vestidos: um para curtir o Dia dos Namorados e o outro para ir ao aniversário da avó, que neste sábado (13) completa cem anos. “Fico feliz por estar ajudando essa iniciativa, mas eles também estão me ajudando. Eu estava procurando uma roupa barata e de boa qualidade e achei aqui próximo da parte [da Feira de São Joaquim] que eu trabalho. Achei lindo os vestidos e saiu em conta – oito reais no total”, disse satisfeita.

Dona Antonieta Barbosa Nery, de 62 anos, vende, há 15 anos, comidas e bebidas em seu estabelecimento a poucos metros do stand de economia solidária, e também se sente beneficiada com a ação. “O movimento melhora quando acontece esse tipo de evento aqui na Feira. Pessoas que não freqüentam o espaço normalmente passam por aqui e a gente acaba vendendo um pouco mais”, pontuou.

Doações

As doações de roupas, materiais de higiene e alimentos podem ser feitas na sede das Voluntárias Sociais da Bahia, no bairro do Campo Grande. A primeira edição do Brechó Solidário aconteceu em abril deste ano. Com as vendas, o grupo arrecadou R$ 280, e o que não foi vendido foi doado para outros brechós. “Nós sabemos que em um mês, normalmente, conseguimos materiais para vender, então doamos o que sobra dos brechós para outras pessoas. É dando que se recebe”, ressaltou Girlene.

No mês passado, os usuários dos Serviços de Saúde Mental da Associação Papo de Mulher intensificaram as ações de conscientização em relação ao tema saúde mental, pois maio é considerado o mês da luta antimanicomial. Debates foram realizados em universidades e na Câmara de Vereadores de Salvador.