A distância entre a realidade de quem vive na comunidade dos Alagados e o universo da música erudita foi vencida pela apresentação da Camerata do Teatro Castro Alves (TCA), realizada nesta sexta-feira (17), na Associação 1º de Maio, próxima à entrada do Parque São Bartolomeu, em Salvador.
Cerca de 60 crianças conheceram um pouco sobre a música e os instrumentos sinfônicos. O pequeno concerto foi o penúltimo do Projeto Arte, Cultura e Lazer, desenvolvido pelo TCA, em parceria com as Voluntárias Sociais da Bahia (VSBA), e que todo mês proporciona eventos envolvendo crianças de comunidades carentes e balé ou música clássica. A camerata volta a se apresentar da próxima sexta-feira (24), às 19h, no Convento Bom Pastor, em Brotas.
Duas obras do músico Raphael Baptista, baseadas nas cantigas de roda, fizeram a alegria da criançada. Meninos e meninas interagiram com os músicos e fizeram filmagens com o celular para guardar o momento. Gabriel Aquino, de 15 anos, era um dos mais empolgados por já ter contato com instrumentos - ele toca flauta doce. “Eu gostei muito porque a gente aprende, eles explicam tudo e nos incentivam a participar. Isso é importante porque cada coisa que a gente aprende é importante. Música é tudo na minha vida”.
Para a coordenadora da Associação 1º de Maio, Vera Lazzarotto, a reação das crianças foi muito positiva. “Existe uma sensibilidade muito grande para a arte nessa meninada. Eles conseguiram se comportar, absorveram as informações e fizeram perguntas. Geralmente eles vivem inseridos apenas no contexto da cultura afrobrasileira. É importante que tenham oportunidade de conhecer outras formas de expressão cultural”.
O flautista Tota Portela afirmou que toda criança, independente da classe social, pode desenvolver o talento para a música clássica. “O talento é 20% do músico, o resto é trabalho, é estudo. Estas apresentações nas comunidades carentes são um ponto de partida. Só assim que a gente pode mudar o panorama do nosso estado, do nosso país e do mundo. Isso está nas mãos dessa garotada e dos poderes públicos”.